domingo, 11 de agosto de 2013

O perfil


Que não me engane a foto do perfil _ a mulher que vejo não sou eu. Não mais os cabelos semilongos e o sorriso ensaiado; não mais. Da mulher da foto trago os olhos sob as lentes dos óculos que me resguardam o suficiente da maldade dos olhos alheios _ de maldade basta-me a própria e, como pesa!...  
Tampouco sou o que agora aparento ser _ ou o que aparentei, tempos atrás. Quem (ou o que) serei então?... Quando souber, digo-me, pois ando em busca de certezas.
Também não quero ser a sombra sem rosto tornada disponível pelo "site" _ embora existam coisas que não queira revelar, nada tenho a esconder (se é que me entendes), porque tenho identidade,  tenho alma. Porém, se a identidade for irmã-gêmea do Ego, um dia também me livrarei dela. Mas, dou-me uma dica (que poderá servir-te, caso intentes conhecer-me um pouco mais): o negror do qual, às  vezes, reveste-se a minha alma, jamais permanece nela. Sou do dia, não da noite; da luz, não das sombras. Foi como escolhi ser. Gosto de árvores, de passarinho, criança, cachorro e borboleta. Gosto de  boa música e de poesia. Gosto também de livros. Aprecio a claridade do sol (embora a relação ardente com a lua) e a companhia de gente honesta e simples.
Anseio por ter a alma limpa e as contas pagas.
Na busca por revelar-me, descobri que na alegria todos me bastam; no sofrimento, apenas uns poucos _ a estes daria uma parte de mim, se necessário fosse.
Há pouco, quando sombras pairavam sobre a minha cabeça e eu caminhava sobre um pequeno abismo, pude ver um pouco de mim mesma e um tanto dos que estavam à  minha volta.  Disso restou o que pareço ser agora _ embora não me iluda quanto a isto, porque sou assim: à vera. Só por enquanto.  Enquanto tenho uma forma.

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